Por
causa da Copa cerveja é vendida a R$ 13 e vaga para estacionar chega a R$ 100. Restaurantes
dobram o preço do quilo e sites cobram R$ 3 mil por ingressos, enquanto Procons
tentam coibir os abusos de preços nas cidades-sede do Mundial
Profissionais, comerciantes e empresários
tupiniquins parecem ter aproveitado a Copa do Mundo no País para aplicar o
famoso jeitinho brasileiro e lucrar mais com o aumento da procura por serviços
pelos turistas durante o evento.
Unidades dos Procons nas cidades-sedes do
evento receberam diversas denúncias por práticas abusivas nas relações de
consumo. Entre os casos que chamam atenção, está a cobrança de até R$ 120 por
período em estacionamentos perto dos estádios, corridas sem taxímetro, preço
diferente para estrangeiros em restaurantes e até taxa de cobrança para entrar
em bares.
Estacionamentos cobram somente por período
O Procon-PR, no Paraná, classificou os
preços cobrados por estacionamentos no entorno da Arena da Baixada como
"exorbitantes". Consumidores denunciaram taxas entre R$ 50 e R$ 100
por período durante os jogos, mais que o dobro do valor de R$ 20 cobrado em
dias comuns.
Geralmente, os preços mais altos são
negociados diretamente com os consumidores e não aparecem em placas ou nas
fachadas dos estabelecimentos.
O órgão de defesa do consumidor também
recebeu denúncias de que os estabelecimentos se recusaram a cobrar valores por
hora em dias de jogo. A prática, aponta o Procon-PR, contraria o Código de
Defesa do Consumidor.
Os estabelecimentos flagrados cometendo as
irregularidades foram notificados pelo órgão do Estado. Agora, devem ser
incluídos em um processo administrativo e podem ser multados.
O Procon-RJ também recebeu queixas de
estacionamentos que cobravam em torno de R$ 100 ao redor do Maracanã. O órgão
planeja fazer uma operação para questionar os motivos do aumento junto aos
comerciantes. Caso o órgão identifique prática abusiva, os estacionamentos
podem ser multados.
Restaurantes sobem preços e bares criam
taxa de entrada
No Rio de Janeiro, consumidores apontaram
ao Procon-RJ que quatro restaurantes no bairro de Ipanema têm praticado preços
diferenciados durante o Mundial. Em um deles, a cobrança do quilo da comida
subiu de R$ 40 para R$ 80. Questionado por moradores da região, o dono de um
dos estabelecimentos chegou a apontar que cobraria o "preço antigo"
para o frequentador.
Fábio Domingos, diretor de
fiscalização do Procon-RJ, ressalta que o órgão não regula preços, mas
pode questionar prática abusiva. "Não podemos multar um estabelecimento
por cobrar um preço mais alto. Porém, podemos pedir para que explique a razão
da cobrança. Tem muita gente tirando proveito da Copa", diz.
Apesar de ter feito uma operação
preventiva, o Procon-MT, de Mato Grosso, registrou irregularidades praticadas
por bares. Desde outubro do ano passado, o órgão havia mapeado os preços
cobrados por hotéis e bares em Cuiabá.
Durante a Copa, os preços não foram
reajustados, mas, para driblar a restrição, os bares passaram a cobrar uma
tarifa pela entrada dos torcedores, sem aparentemente haver um serviço
diferenciado que justifique a cobrança. O preço da taxa de entrada aumenta após
os jogos na cidade, e passam de R$ 10 para R$ 40 na região da Praça Popular.
Em Curitiba (PR), lanchonetes no aeroporto
Alfonso Pena não exibiam cardápio com preços aos clientes. Após reclamação e
atuação do Procon, a prática irregular foi solucionada.
Nos estádios, os torcedores reclamam dos
preços de lanches e bebidas. Na Arena Corinthians, em São Paulo, durante o jogo
de abertura do Mundial, uma cerveja custava R$ 7 fora do estádio e R$ 13
(Budweiser 475 ml) dentro da arena, conforme cardápio divulgado pela Fifa,
quase o dobro. No estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, comerciantes cobravam
R$ 10 pela pipoca e R$ 6 pela água, de acordo com a tabela da organizadora do
evento.
Taxistas desligam os taxímetros
A Secretaria de Estado de Proteção e Defesa
do Consumidor (Seprocon), por meio do Procon-RJ, decidiu fiscalizar os
aeroportos Santos Dumont e Tom Jobim, no Rio, para verificar se os taxistas
locais estavam cometendo irregularidades.
Os profissionais em ambos aeroportos foram
alvo de denúncias feitas por turistas devido à cobrança de corridas sem o uso
do taxímetro ou tabela de preços, o que é proibido por lei.
Corridas que deveriam custar R$ 30 custaram
R$ 120 aos torcedores. "Caso a pessoa não aceite o valor, os taxistas
mandam descer. Não há negociação", diz Domingos, do Procon-RJ.
Os taxistas também abordam os turistas no
saguão dos aeroportos e, ao negociar o preço da corrida, dão descontos, apontam
as denúncias. Porém, os profissionais utilizam como base a tabela de preços de
carro especial, e transportam o turista em um carro comum, cujo preço é menos
da metade do especial. "O viajante pensa que fez bom negócio quando, na
verdade, está pagando mais caro", diz o diretor de fiscalização.
O Procon-RJ planeja fazer operações
semelhantes. "Não flagramos ninguém ainda, mas a fiscalização acaba
coibindo a prática", afirma Domingos. Durante a operação, a equipe
distribui cartilhas que explicam aos turistas como funcionam as corridas.
"Sabemos que não são todos os profissionais que trabalham assim, mas eles
acabam manchando a imagem da categoria e da cidade".
Além de multa a partir de R$ 240, os
taxistas podem sofrer sanções como perda de licença para trabalhar, caso sejam
flagrados.
Cambistas cobram até oito vezes mais por
ingresso
Preços abusivos também são cobrados por
cambistas. Sites de ingressos como o Live Football Ticket cobram € 791,35
(R$ 3 mil) por ingressos no setor 3 em uma partida das quartas de final no
Maracanã, no dia 4 de julho, enquanto a entrada no mesmo setor custa cerca de
R$ 380 para estrangeiros no site da Fifa, uma diferença de oito vezes.
Extraído: S.O.S
Consumidor/Notícias - Fonte: Ig Notícias
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