Uma das maiores
incorporadoras do país, a PDG protocolou na quarta-feira dia 22/02/2017 na Justiça de São
Paulo um pedido de proteção contra dívidas de cerca de R$ 7,8 bilhões
Endividada e com sucessivos
prejuízos, a empresa vinha tentando renegociar dívidas com bancos, sem sucesso.
O pedido de recuperação judicial foi a forma encontrada para tentar salvar a
PDG da falência. Ele inclui a incorporadora e mais de 500 "sociedades de
propósito específico", empresas criadas para gerir os empreendimentos
erguidos sob a marca PDG.
Caso o pleito seja
aceito pela Justiça, a companhia terá dois meses para elaborar um plano de
reestruturação e apresentá-lo aos credores.
A ideia é que nada
mude para quem comprou um imóvel da PDG e ainda aguarda sua entrega. O plano é
que a incorporadora termine os empreendimentos cujas obras estão avançadas - a
maioria dos cerca de 30 em andamento - e busque interessados em assumir os
projetos que ainda estão em fase inicial.
A recuperação
judicial muda, porém, a situação daqueles que cancelaram contratos de compra e
tentam receber da PDG reembolso pelo valor pago. Esses clientes terão de se
submeter ao plano de recuperação judicial.
Isso quer dizer que
entrarão para a lista de credores e estarão sujeitos a descontos e a pagamentos
parcelados - a depender das condições que forem aprovadas no plano.
PODER
A maior parte do que
a PDG deve na praça está nas mãos de Banco do Brasil, Caixa, Bradesco e Itaú.
Serão eles, portanto, a ditar os rumos da incorporadora. Pela lei, o plano de
recuperação tem de ser aprovado pela maioria dos detentores da dívida.
As negociações tendem
a ser duras. A empresa insistirá num corte no valor devido e num prazo de
carência para o início dos pagamentos.
Além disso, o plano
deve envolver o pedido de dinheiro novo para a PDG, que tem pouco dinheiro em
caixa e obras a concluir.
Desde o ano passado,
a PDG está sob o comando da RK Partners, de Ricardo K, especialista em
reestruturação que já atuou em casos como o da OGX, de Eike Batista.
EX-LÍDER
A PDG nasceu em 2003
como uma área do banco Pactual, hoje BTG Pactual. Virou uma empresa
independente e lançou ações em 2007.
Tornou-se uma gigante
do setor após, num espaço de poucos anos, promover aquisições em série de
rivais.
Com a compra de
construtoras como Goldfarb, CHL e Agre, e um plano agressivo de lançamentos, a
PDG assumiu a liderança do mercado em 2010, tornando-se a maior incorporadora
do setor.
No auge, chegou a
valer mais de R$ 10 bilhões na Bolsa - hoje vale pouco mais de R$ 140 milhões.
Problemas de gestão,
como estouro de custos e de prazos de entrega, e a crise econômica, que reduziu
o apetite pela casa própria, minaram os resultados da PDG, que passou a
encolher.
Em 2012, a empresa
tinha quase 11 mil funcionários e 330 projetos em andamento. No final de 2016,
eram somente 1.000 empregados e 30 empreendimentos.
O banco Rothschild
foi contratado em 2015 para renegociar com os bancos credores e um acerto foi
firmado. Mas a incorporadora seguiu com resultados ruins.
No ano passado, foram
quase R$ 1 bilhão em distratos (desistências), considerando o resultado até
setembro, o último disponível.
Com isso, as vendas
líquidas ficaram em apenas R$ 170 milhões, 64% abaixo do registrado no mesmo
período do ano anterior. E o prejuízo acumulado no ano bateu R$ 2,9 bilhões.
Extraído de: sosconsumidor.com.br/noticias -
Fonte: Folha Online - Por:
Renata Agostini