A cidade de São Paulo possui R$ 11,6
bilhões em imóveis "encalhados", segundo levantamento do ImovelBid, site especializado em leilões de estoques
imobiliários, a partir de dados
referentes a agosto, de uma consultoria
imobiliária. São cerca de 20 mil
imóveis novos, já prontos, e que não foram vendidos pelas
incorporadoras.
Segundo o Secovi
(sindicado do mercado imobiliário), a média mensal de imóveis em estoque na
cidade em 2013 é de 18.421. No ano passado, esse número era de 17.955. No auge do boom imobiliário, em 2010,
eram apenas 9.762 imóveis em estoque. Um dos motivos da diferença entre as duas
pesquisas se deve ao fato de que o Secovi só considera nos cálculos imóveis
lançados há, no máximo, 36 meses, incluindo nesse montante até os que ainda
estão em construção e não foram vendidos seis meses após o lançamento do
empreendimento.
Esse estoque é pouco
menos de tudo que foi lançado na cidade em 2013, segundo dados da consultoria,
que contabiliza 23.196 unidades lançadas em São Paulo até meados de setembro.
Tonico Dias, diretor
do ImovelBid, afirma que 80% desses imóveis encalhados foram lançados em pleno
boom imobiliário, há cerca de três anos, mas há algumas unidades que foram
colocadas no mercado em 2005. "É uma resposta à alta dos preços",
afirma Dias. Segundo ele, o preço elevado do metro quadrado afasta sobretudo
investidores, que não têm mais a percepção de que comprar um imóvel na planta
irá garantir o retorno, como ocorreu há alguns anos atrás.
Segundo ele, o preço
do imóvel na planta (comprado no lançamento feito pela incorporadora, anterior
à construção), muitas vezes é maior do que o preço do imóvel usado. Além disso,
com a alta, a perspectiva de valorização do metro quadrado é muito menor do que
a de alguns anos atrás. "A própria incorporadora absorveu esse
ganho", diz ele.
Segundo Dias, a PDG
e a Cyrela são as duas incorporadoras com mais imóveis em estoque, mas o número
é proporcional ao de lançamentos dessas empresas.
Com os estoques em
alta, o comprador pode conseguir bons descontos ao adquirir, por exemplo, uma
das últimas unidades encalhadas de um empreendimento. Na maioria dos casos, a
incorporadora venderá a unidade por um preço muito menor do que o proposto para
se livrar do custo de administração. Nesses casos, a empresa já obteve o
retorno do empreendimento, e não fará a conta de qual será o lucro na venda
dessas unidades remanescentes.
Em leilões, clientes
já conseguiram descontos de até 38% sobre o valor de lançamento.
MERCADO
O mercado considera
saudáveis estoques entre 10 mil e 15 mil unidades. Foi lançando mais e vendido menos
em 2013. Tudo indica que o ano de
2014 será um ano de dificuldades para o setor imobiliário. Dados do sindicato
mostram que, em agosto, houve um crescimento de 20% nos lançamentos em relação
ao mesmo período do ano passado, mas as vendas não acompanharam o mesmo ritmo.
Os estoques são
proporcionais aos lançamentos também em relação ao tipo de apartamento. Em
julho, 42% dos imóveis em estoque eram de dois quartos, quase o mesmo (41%) do
que foi lançado deste tipo de apartamento. Os de um dormitório representavam
17% do estoque; de três, 28% e de quatro, apenas 13%.
Extraído: S.O.S
Consumidor/Notícias - Fonte: Folha Online – Por: CLARA ROMAN