17 de junho de 2015

COMO NEGOCIAR PREÇOS DE TELEFONE, INTERNET E TV POR ASSINATURA E ECONOMIZAR ATÉ 50%

Em tempos de crise, a palavra de ordem é barganhar. Como as tarifas de gás, luz e água não são negociáveis, o EXTRA selecionou dez dicas de especialistas para o consumidor negociar descontos em pacotes de TV por assinatura, internet e telefone, com abatimentos de até 50%

Dados de inadimplência do setor de Comunicações mostram o quanto o cliente deve se preocupar em adequar o valor dos serviços ao seu orçamento. Segundo o SPC Brasil, o atraso de pagamento subiu 12,10% no mês passado, em relação a abril de 2014. Foi a maior alta em comparação com outros setores: comércio, bancos e concessionárias de água e luz.
— Os serviços são caros. Então, as pessoas acabam negociando combos com as empresas, mas pagando por serviços que não usa. Às vezes, dá para cortar — diz Marcela Kawauti, economista-chefe do SPC Brasil.
De fato, há quem nem esteja disposto a negociar, mas de eliminar logo o gasto. Foi o caso do publicitário Vitor Alves, de 27 anos. Desde que saiu da casa dos pais, há dois anos, ele não tem TV por assinatura:
— Por eu não ficar muito em casa, o custo-benefício não seria muito bom. Com o Netflix, como tenho menos tempo, tenho mais controle da programação.
O comediante e produtor de vídeos para o YouTube Marcos Castro, de 29 anos, seguiu o mesmo caminho. Desde que se casaram, há dois anos, ele e a esposa abriram mão de plano de televisão para ficar apenas com a assinatura de filmes e séries:
— Pago R$ 17,90. Se pagasse um pacote de TV que custasse mais de R$ 60 (porque esse é, em geral, o valor mínimo para ter canais de filmes e séries), não compensaria.
Vale lembrar, porém, que serviços de streamming, como o do Netflix, exigem planos de internet com velocidade de pelo menos 5 Megabites por segundo (Mbps), que custam, no mínimo R$ 60 por mês.
Reportagem consegue economia de 16%
Durante a apuração da matéria, após receber orientações de especialistas em renegociação, a repórter entrou em contato com uma operadora e conseguiu um desconto de 16%, em relação ao valor que desembolsava antes por TV paga e internet e de 30% em relação ao que pagaria com o novo plano.
Veja se o serviço vale o que estão cobrando
O brasileiro gosta de negociar valores mais baixos, mas a maioria não sabe exatamente pelo que está pagando. Essa é a avaliação de Lélio Braga Calhau, coordenador do site Educação Financeira para Todos, segundo o qual quando há conhecimento dos gastos, fica mais fácil identificar que preço está dentro ou fora da normalidade.
— Ligue para as empresas concorrentes para acompanhar as promoções — recomendou.
O consumidor pode até pechinchar, mas, em muitos casos, falta transformar isso em hábito. O militar Felipe Chagas, de 35 anos, lembra com orgulho dos descontos de 50% que conseguiu, há seis anos, no plano de internet banda larga e de 40% para a TV por assinatura. De lá para cá, não negociou mais:
— Eu disse que o serviço estava caro e que existiam concorrentes com preços mais em conta. Acho que, hoje em dia, não faço mais (renegociação) por preguiça ou porque tenho uma condição financeira melhor.
Para ajudar o leitor a deixar o comodismo de lado e se municiar antes de partir para a renegociação, o EXTRA pesquisou preços de serviços de internet, TV paga e telefonia das principais empresas (confira nesta página e na página ao lado). Em alguns casos, contratar o combo, que reúne vários serviços, rende descontos que chegam a até R$ 90. Por outro lado, há empresas que não dão abatimento algum.
Se a conclusão for que o preço está acima do que o serviço vale, é hora de tentar baixar o valor. Para orientar o leitor sobre como fazer isso, o EXTRA entrevistou dois ex-funcionários de call centers que trabalhavam no setor de retenção de uma operadora — em que o objetivo é convencer o cliente a não cancelar o serviço — para contar o que acontece nos bastidores.
— Há palavras-chave que o cliente tem que mencionar: ele tem que dizer que quer cancelar ou reduzir o pacote atual. Quando diz isso, o atendente já tem disponíveis pacotes que pode oferecer ao consumidor. Mas há procedimentos de argumentação e contra-argumentação. O atendente fará tudo o que puder para que o usuário desista do cancelamento. O desconto costumava ser de, no máximo, 50% — disse um atendente.
Outra ex-funcionária, porém, disse que já chegou a conceder 60% de abatimento:
— Quanto mais taxativo ele (o cliente) se mostrar, mais desconto conseguirá.
PASSO A PASSO PARA RENEGOCIAR
Especialista
Confira abaixo dez dicas de José Augusto Wanderley, consultor e autor do livro “Negociação total”, da editora Gente, sobre como renegociar.
Objetivo
Tenha uma meta de desconto. Dizer “eu quero reduzir o preço” não é um bom objetivo. É preciso deixar claro o que quer.
Preparação
O consumidor que não se prepara é enrolado pelo atendente, que é treinado para não dar o desconto. Essa preparação requer pesquisa intensa sobre as ofertas do mercado.
Tempo
Desvendar todas as alternativas que existem para ter êxito na negociação requer tempo. É o conhecimento do que existe na concorrência que baseia a contra-argumentação.
Perfil
Há duas formas de negociar: de forma agressiva ou suave. Na agressiva, usa-se a ameaça, como a do cancelamento. O jeito suave, por sua vez, consiste em “levar o atendente na conversa”. A escolha depende do perfil do cliente.
Persuasão
Use o famoso “jogar verde para colher maduro”. Um exemplo é afirmar para o atendente que você sabe que ele tem como dar descontos.
Artifícios
Esteja ciente de todos os artifícios que o atendente vai usar para não dar o abatimento, como oferecer outros planos que não te atendem.
Desistência
Saiba ouvir “não”. Se você desistir na primeira recusa, não vai conseguir o desconto.
Poder
A ameaça é um dos poderes do consumidor, desde que não provoque danos ao outro. Ameace ir para a concorrência, por exemplo.
Limite
O objetivo é chegar ao limite do outro. Qual o máximo de desconto possível?
Cumprimento
Toda negociação só acaba quando é cumprida. Cuidado com os falsos acordos. 
Extraído: Portal do Consumidor/notícia - Fonte: Extra

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