Em tempos de crise, a palavra de ordem é barganhar. Como as tarifas
de gás, luz e água não são negociáveis, o EXTRA selecionou dez dicas de
especialistas para o consumidor negociar descontos em pacotes de TV por
assinatura, internet e telefone, com abatimentos de até 50%
Dados de inadimplência do setor
de Comunicações mostram o quanto o cliente deve se preocupar em adequar o valor
dos serviços ao seu orçamento. Segundo o SPC Brasil, o atraso de pagamento
subiu 12,10% no mês passado, em relação a abril de 2014. Foi a maior alta em
comparação com outros setores: comércio, bancos e concessionárias de água e
luz.
— Os serviços são caros. Então,
as pessoas acabam negociando combos com as empresas, mas pagando por serviços
que não usa. Às vezes, dá para cortar — diz Marcela Kawauti, economista-chefe
do SPC Brasil.
De fato, há quem nem esteja
disposto a negociar, mas de eliminar logo o gasto. Foi o caso do publicitário
Vitor Alves, de 27 anos. Desde que saiu da casa dos pais, há dois anos, ele não
tem TV por assinatura:
— Por eu não ficar muito em
casa, o custo-benefício não seria muito bom. Com o Netflix, como tenho menos
tempo, tenho mais controle da programação.
O comediante e produtor de
vídeos para o YouTube Marcos Castro, de 29 anos, seguiu o mesmo caminho. Desde
que se casaram, há dois anos, ele e a esposa abriram mão de plano de televisão
para ficar apenas com a assinatura de filmes e séries:
— Pago R$ 17,90. Se pagasse um
pacote de TV que custasse mais de R$ 60 (porque esse é, em geral, o valor
mínimo para ter canais de filmes e séries), não compensaria.
Vale lembrar, porém, que
serviços de streamming, como o do Netflix, exigem planos de internet com
velocidade de pelo menos 5 Megabites por segundo (Mbps), que custam, no mínimo
R$ 60 por mês.
Reportagem consegue economia de
16%
Durante a apuração da matéria,
após receber orientações de especialistas em renegociação, a repórter entrou em
contato com uma operadora e conseguiu um desconto de 16%, em relação ao valor
que desembolsava antes por TV paga e internet e de 30% em relação ao que
pagaria com o novo plano.
Veja se o serviço vale o que
estão cobrando
O brasileiro gosta de negociar
valores mais baixos, mas a maioria não sabe exatamente pelo que está pagando.
Essa é a avaliação de Lélio Braga Calhau, coordenador do site Educação
Financeira para Todos, segundo o qual quando há conhecimento dos gastos, fica
mais fácil identificar que preço está dentro ou fora da normalidade.
— Ligue para as empresas
concorrentes para acompanhar as promoções — recomendou.
O consumidor pode até
pechinchar, mas, em muitos casos, falta transformar isso em hábito. O militar
Felipe Chagas, de 35 anos, lembra com orgulho dos descontos de 50% que
conseguiu, há seis anos, no plano de internet banda larga e de 40% para a TV
por assinatura. De lá para cá, não negociou mais:
— Eu disse que o serviço estava
caro e que existiam concorrentes com preços mais em conta. Acho que, hoje em
dia, não faço mais (renegociação) por preguiça ou porque tenho uma condição
financeira melhor.
Para ajudar o leitor a deixar o
comodismo de lado e se municiar antes de partir para a renegociação, o EXTRA pesquisou
preços de serviços de internet, TV paga e telefonia das principais empresas
(confira nesta página e na página ao lado). Em alguns casos, contratar o combo,
que reúne vários serviços, rende descontos que chegam a até R$ 90. Por outro
lado, há empresas que não dão abatimento algum.
Se a conclusão for que o preço
está acima do que o serviço vale, é hora de tentar baixar o valor. Para
orientar o leitor sobre como fazer isso, o EXTRA entrevistou dois
ex-funcionários de call centers que trabalhavam no setor de retenção de uma
operadora — em que o objetivo é convencer o cliente a não cancelar o serviço —
para contar o que acontece nos bastidores.
— Há palavras-chave que o
cliente tem que mencionar: ele tem que dizer que quer cancelar ou reduzir o
pacote atual. Quando diz isso, o atendente já tem disponíveis pacotes que pode
oferecer ao consumidor. Mas há procedimentos de argumentação e
contra-argumentação. O atendente fará tudo o que puder para que o usuário
desista do cancelamento. O desconto costumava ser de, no máximo, 50% — disse um
atendente.
Outra ex-funcionária, porém,
disse que já chegou a conceder 60% de abatimento:
— Quanto mais taxativo ele (o
cliente) se mostrar, mais desconto conseguirá.
PASSO A PASSO PARA RENEGOCIAR
Especialista
Confira abaixo dez dicas de
José Augusto Wanderley, consultor e autor do livro “Negociação total”, da
editora Gente, sobre como renegociar.
Objetivo
Tenha uma meta de desconto.
Dizer “eu quero reduzir o preço” não é um bom objetivo. É preciso deixar claro
o que quer.
Preparação
O consumidor que não se prepara
é enrolado pelo atendente, que é treinado para não dar o desconto. Essa
preparação requer pesquisa intensa sobre as ofertas do mercado.
Tempo
Desvendar todas as alternativas
que existem para ter êxito na negociação requer tempo. É o conhecimento do que
existe na concorrência que baseia a contra-argumentação.
Perfil
Há duas formas de negociar: de
forma agressiva ou suave. Na agressiva, usa-se a ameaça, como a do
cancelamento. O jeito suave, por sua vez, consiste em “levar o atendente na
conversa”. A escolha depende do perfil do cliente.
Persuasão
Use o famoso “jogar verde para
colher maduro”. Um exemplo é afirmar para o atendente que você sabe que ele tem
como dar descontos.
Artifícios
Esteja ciente de todos os
artifícios que o atendente vai usar para não dar o abatimento, como oferecer
outros planos que não te atendem.
Desistência
Saiba ouvir “não”. Se você
desistir na primeira recusa, não vai conseguir o desconto.
Poder
A ameaça é um dos poderes do
consumidor, desde que não provoque danos ao outro. Ameace ir para a
concorrência, por exemplo.
Limite
O objetivo é chegar ao limite
do outro. Qual o máximo de desconto possível?
Cumprimento
Toda negociação só acaba quando
é cumprida. Cuidado com os falsos acordos.
Extraído: Portal do Consumidor/notícia - Fonte: Extra
Extraído: Portal do Consumidor/notícia - Fonte: Extra
Nenhum comentário:
Postar um comentário