Aumento da demanda por veículos no pós-pandemia, falta de peças de reposição e valorização dos carros, elevaram os preços dos seguros
Os proprietários de automóveis viram o preço do seguro do carros mais que dobrar nos últimos meses. A publicitária Raíssa Fernandes foi uma delas. Ela foi surpreendida ao ver a cotação de R$ 4.630,67 para assegurar o Nissan March 2015 que dirige. No ano anterior, Raíssa havia pago R$ 2.300 no seguro do carro. O aumento de 101% a assustou. Ela revela que ainda não adquiriu o serviço para poder pesquisar mais e encontrar um valor que caiba dentro do orçamento. “Me pegou desprevenida. Não esperava nunca esse aumento. Quando eu vi, fiquei triste porque é uma coisa que preciso, mas que está ficando muito cara. Eu contrato seguro porque tenho medo de roubo, de chegar na vaga de estacionamento e meu carro não estar mais lá. Vou pesquisar mais para ver se encontro algo mais em conta. Se não, vou precisar cortar saídas no final de semana e compras. Deixar de contratar o seguro não é uma opção porque virou uma necessidade”, revela.
A situação vivida pela publicitária é a realidade de muitos proprietários de automóveis. De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSeg), entre janeiro e novembro de 2022, o seguro de automóvel acumulou alta de 33,6% em relação ao mesmo período de 2021, com R$ 45,8 bilhões arrecadados. O desabastecimento na produção de veículos novos e nas peças de reposição, o impacto da pandemia e o aumento da Tabela Fipe foram os principais motivadores para esse crescimento no custo de seguros de automóveis. Além disso, os especialistas identificam que o preço cobrado por seguradoras varia bastante, a depender da região da cidade e do gênero do proprietário do veículo. Mas a expectativa para 2023 é de queda no custo da contratação do serviço até o fim de 2023. A ComparaOnline, um marketplace de seguros, prevê que o preço do serviço deva voltar para uma média de 5,7% do valor do carro até o final do ano. Isso deve representar redução de cerca de 10% na cotação do preço.
Corretora de seguros e dona da Vivenciar Seguros, Débora Dourado também sofre com a situação, a nível pessoal e profissional. A cotação de seu próprio carro, um Grand Siena Attractive 2016, foi de R$ 1.600 para R$ 3.200, com as mesmas coberturas. “Foi um susto. Sabíamos que iria aumentar, mas não tanto. Muitos clientes até duvidam da gente e vão cotar com outros corretores. No final, percebem que realmente o mercado mudou. Na minha corretora, tivemos uma diminuição entre 5% e 10% de fechamentos de contratos de seguro auto. Como cliente e corretora, a expectativa infelizmente não é muito boa. Creio que o cenário não mudará tão rapidamente e todos iremos pagar de alguma forma, seja o cliente não contratando o seguro e ficando no prejuízo ou havendo mais diminuição nos fechamentos de contratos”, relata.
A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), da qual a CNSeg faz parte, indica que são diversos os fatores que influenciam a precificação das apólices de seguro. “Desde o final de 2021, tivemos uma mudança relevante no cenário, já que a retomada da circulação de veículos nas ruas na mesma proporção de antes da pandemia fez aumentar as frequências de colisão, roubo e furto. Outro fator foi a inflação, causada pela pandemia e agravada pela guerra na Ucrânia, que culminou no aumento do valor dos veículos, conforme registrado pela Fipe. Tivemos ainda a inflação da mão de obra de reparação, das peças aplicadas e de insumos. Por se tratar de uma tarifa multivariada, há uma variação de correção no valor do seguro para os mais variados perfis de cliente, veículo e região de circulação. Há uma tendência de correção acompanhando a inflação, se forem mantidas as frequências e o cenário econômico”, avalia Marcelo Sebastião, presidente da comissão de seguro auto da FenSeg. Como a precificação do seguro auto é multivariada, ou seja, envolve diversas variáveis, o peso delas também varia segundo o especialista. Por causa disso, cada empresa aplica pesos específicos na hora de cotar o seguro.
E como fica o consumidor?... Continuar lendo»
Extraído: sosconsumidor.com.br - Fontes: Jovem Pan - Por: Tatyane Mendes
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