25 de fevereiro de 2023

VALOR DO SEGURO DE AUTOMÓVEL TEM REAJUSTE DE ATÉ 100% E ASSUSTA MOTORISTAS PELO PAÍS

Aumento da demanda por veículos no pós-pandemia, falta de peças de reposição e valorização dos carros, elevaram os preços dos seguros


Os proprietários de automóveis viram o preço do seguro do carros mais que dobrar nos últimos meses. A publicitária Raíssa Fernandes foi uma delas. Ela foi surpreendida ao ver a cotação de R$ 4.630,67 para assegurar o Nissan March 2015 que dirige. No ano anterior, Raíssa havia pago R$ 2.300 no seguro do carro. O aumento de 101% a assustou. Ela revela que ainda não adquiriu o serviço para poder pesquisar mais e encontrar um valor que caiba dentro do orçamento. “Me pegou desprevenida. Não esperava nunca esse aumento. Quando eu vi, fiquei triste porque é uma coisa que preciso, mas que está ficando muito cara. Eu contrato seguro porque tenho medo de roubo, de chegar na vaga de estacionamento e meu carro não estar mais lá. Vou pesquisar mais para ver se encontro algo mais em conta. Se não, vou precisar cortar saídas no final de semana e compras. Deixar de contratar o seguro não é uma opção porque virou uma necessidade”, revela.

A situação vivida pela publicitária é a realidade de muitos proprietários de automóveis. De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNSeg), entre janeiro e novembro de 2022, o seguro de automóvel acumulou alta de 33,6% em relação ao mesmo período de 2021, com R$ 45,8 bilhões arrecadados. O desabastecimento na produção de veículos novos e nas peças de reposição, o impacto da pandemia e o aumento da Tabela Fipe foram os principais motivadores para esse crescimento no custo de seguros de automóveis. Além disso, os especialistas identificam que o preço cobrado por seguradoras varia bastante, a depender da região da cidade e do gênero do proprietário do veículo. Mas a expectativa para 2023 é de queda no custo da contratação do serviço até o fim de 2023. A ComparaOnline, um marketplace de seguros, prevê que o preço do serviço deva voltar para uma média de 5,7% do valor do carro até o final do ano. Isso deve representar redução de cerca de 10% na cotação do preço.

Corretora de seguros e dona da Vivenciar Seguros, Débora Dourado também sofre com a situação, a nível pessoal e profissional. A cotação de seu próprio carro, um Grand Siena Attractive 2016, foi de R$ 1.600 para R$ 3.200, com as mesmas coberturas. “Foi um susto. Sabíamos que iria aumentar, mas não tanto. Muitos clientes até duvidam da gente e vão cotar com outros corretores. No final, percebem que realmente o mercado mudou. Na minha corretora, tivemos uma diminuição entre 5% e 10% de fechamentos de contratos de seguro auto. Como cliente e corretora, a expectativa infelizmente não é muito boa. Creio que o cenário não mudará tão rapidamente e todos iremos pagar de alguma forma, seja o cliente não contratando o seguro e ficando no prejuízo ou havendo mais diminuição nos fechamentos de contratos”, relata. 

A Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), da qual a CNSeg faz parte, indica que são diversos os fatores que influenciam a precificação das apólices de seguro. “Desde o final de 2021, tivemos uma mudança relevante no cenário, já que a retomada da circulação de veículos nas ruas na mesma proporção de antes da pandemia fez aumentar as frequências de colisão, roubo e furto. Outro fator foi a inflação, causada pela pandemia e agravada pela guerra na Ucrânia, que culminou no aumento do valor dos veículos, conforme registrado pela Fipe. Tivemos ainda a inflação da mão de obra de reparação, das peças aplicadas e de insumos. Por se tratar de uma tarifa multivariada, há uma variação de correção no valor do seguro para os mais variados perfis de cliente, veículo e região de circulação. Há uma tendência de correção acompanhando a inflação, se forem mantidas as frequências e o cenário econômico”, avalia Marcelo Sebastião, presidente da comissão de seguro auto da FenSeg. Como a precificação do seguro auto é multivariada, ou seja, envolve diversas variáveis, o peso delas também varia segundo o especialista. Por causa disso, cada empresa aplica pesos específicos na hora de cotar o seguro.

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Extraído: sosconsumidor.com.br - Fontes: Jovem Pan - Por: Tatyane Mendes

 

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E como fica o consumidor?

Advogado especialista em direito do consumidor, Max Kolbe explica que a legislação não estabelece um teto de cobrança em relação a seguros de automóveis, mas que alguns recursos podem ser aplicados em caso de abuso unilateral na cobrança. “A depender da situação, é possível que o consumidor pleiteie no âmbito do poder Judiciário a declaração da abusividade desse aumento excessivo de forma unilateral pelas operadoras de seguro. Segundo o artigo 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC), é uma prática abusiva exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. Não só isso, mas, muitas das vezes, essas operadoras aplicam fórmulas ou índices de reajuste diferente do que está na lei ou estabelecido em contrato. O que faz com que essa prática seja considerada abusiva legalmente na relação de consumo, segundo o CDC. Então, toda vez que tais fatores acontecerem, numa alteração excessiva de forma unilateral por parte da seguradora, o consumidor neste caso específico poderia demandar uma ação judicial”, explica.

Contudo, de forma geral, o que o proprietário pode fazer para eventualmente se blindar de aumentos abusivos é realizar uma boa pesquisa de mercado para efetuar a contratação daquele seguro que melhor lhe convenha. É importante ressaltar que existem várias modalidades de contratação de seguro automotivo, inclusive aquelas em que há diminuição do valor da mensalidade com aumento do sinistro. “É absolutamente essencial uma boa pesquisa de mercado para que o consumidor não seja surpreendido com o aumento desproporcional. Outra situação que diminui muito o preço na hora de recontratação é o consumidor não ter utilizado o seguro em nenhum momento. Motivo pelo qual ele terá uma pontuação maior e, consequentemente, uma redução no valor a ser pago pela seguradora. Negocie sempre com seu corretor e estabeleça qual modalidade de seguro você quer contratar“, sugere.

Extraído: sosconsumidor.com.br - Fontes: Jovem Pan - Por: Tatyane Mendes

 

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