A inflação, os juros
altos e a menor oferta de vagas no mercado de trabalho preocupam o consumidor
brasileiro que se mostra pessimista com o futuro
Levantamento do site de relacionamento entre
consumidores e empresas Reclame Aqui mostra que para 37% dos entrevistados a
expectativa é que a sua situação financeira piore em 2015. A pesquisa foi feita
com 100,3 mil internautas cadastrados no site, entre 13 e 17 de março.
Para Mauricio Vargas do Reclame Aqui, o pessimismo é resultado do baixo desempenho econômico do país.
"O desemprego já está aumentando em algumas
áreas. A construção civil e algumas indústrias automobilísticas estão
dispensando. E isso acontece tanto por causa da crise do câmbio quanto da
moral. No varejo, as vendas estão despencando", diz Vargas.
Outro motivo do pessimismo do consumidor é a falta
de confiança nas lideranças governamentais, econômicas e políticas. Segundo a
pesquisa, 83% dos entrevistados disseram não acreditar que as autoridades
estejam preparadas para enfrentar uma crise econômica.
Além da desconfiança da capacidade das autoridades
de atuar contra a crise, o humor dos consumidores também é contaminado pelas
incertezas no cenário externo; 49% dos entrevistados consideram que o Brasil já
foi atingido gravemente pela crise que afeta também outros países.
Mas o economista Roberto Luis Troster, especialista
em crédito, acredita que o baixo crescimento econômico do país é um problema
essencialmente doméstico.
"A crise [externa] não afeta mais o Brasil e o
nosso problema é interno. Outros países apresentam desempenho diferente. O
Peru, por exemplo, está crescendo 4% e a Colômbia 5%", diz Troster.
Para o economista, o cenário de pessimismo pode
afetar o crédito ao consumidor.
"Quando a economia cresce os bancos emprestam
mais e como hoje a tendência é esperar menos crescimento e menos crédito, [a
menor oferta de crédito] acaba virando um ciclo vicioso", diz Troster.
CLASSE
C
O cenário econômico atual mostra também que o
consumo da classe C, que sustentou a economia nos últimos anos, perde fôlego e tende
a cair ainda mais nos próximos meses.
De acordo com pesquisa do Data Popular divulgada no
começo do mês, 46% da classe C acham que está difícil pagar as contas em geral.
Além disso, seis em cada dez brasileiros da classe C acham que os impostos vão aumentar
este ano, levando a um comprometimento maior do orçamento familiar.
Para o presidente do instituto de pesquisa, Renato
Meirelles, o pessimismo é reflexo da perda do poder de compra também do
consumidor da classe C.
"O pessimismo não é uma vontade que vem do
nada, vem sempre baseado na realidade e a inflação tirou muito dinheiro do
bolso da classe C. Do outro lado a renda deixou de crescer na velocidade que
crescia. Isso na prática fez com que as pessoas começassem a duvidar de que a
situação do país fosse melhorar", diz Meirelles.
Em relação ao emprego, 55% disseram que 2015 será
pior que 2014. Na quinta-feira (26) números da PME (Pesquisa Mensal de Emprego)
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostraram, pelo
segundo mês consecutivo, aumento da taxa de desemprego nas seis maiores
metrópoles do país. Em fevereiro o índice foi de 5,9% – ele havia sido de 5,3%
em janeiro, e de 4,3% em dezembro.
O Data Popular entrevistou 3.500 pessoas em 150
municípios do país. Foi considerada a faixa de renda entre R$ 328 a R$ 1.128
mensais.
Extraído:
S.O.S Consumidor/notícias - Fonte: migalhas.com.br – Por: Renan Marra
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