Novo financiamento vai reduzir os juros para compra da casa própria, mas altera o índice de correção
para o IPCA
A
Caixa Econômica Federal lançou, nesta terça-feira (20), uma linha de crédito
imobiliário corrigida pelo IPCA, índice oficial de preços, com o argumento de
que o novo financiamento vai reduzir os juros para compra da casa própria
–embora o indicador seja considerado mais instável que a TR (Taxa Referencial),
usada hoje.
As
taxas valem para novos contratos e já estarão vigentes a partir da próxima
segunda-feira (26).
O
anúncio foi feito em cerimônia no Palácio do Planalto que contou com a presença
de Ministros do Presidente da República.
Segundo
a Caixa, o saldo devedor será atualizado pelo IPCA, a exemplo do que ocorre com
a TR, hoje zerada. As mudanças valem para o SFH (Sistema Financeiro de
Habitação), para imóveis até R$ 1,5 milhão e que permite o uso do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço), e para o SFI (Sistema Financeiro
Imobiliário), para aqueles acima desse valor e sem a possibilidade de uso do
Fundo.
É
necessário ter no mínimo três anos de trabalho sob regime do FGTS, não possuir
financiamento no SFH e não ser dono de imóvel Marcus Leoni/Folhapress
A
taxa mínima da nova linha, oferecida a clientes do setor público
e com melhor perfil de risco, será de IPCA + 2,95% ao ano. Para o setor
privado, a taxa parte de 3,25% ao ano mais IPCA. Nos dois casos, a
taxa máxima ficará em IPCA + 4,95% ao ano —oferecida a quem não tem
relacionamento com o banco.Hoje, o banco, que detém mais de 70% do crédito
habitacional do país, cobra juros de 8,5% a 9,75% ao ano mais TR nas principais
linhas de crédito imobiliário –no programa Minha Casa, Minha Vida, os juros são
menores.
O
presidente da Caixa, Pedro Guimarães, elogiou o modelo adotado pelo banco para
financiamento.
"Nós
acreditamos que esse passo de oferecer uma linha de crédito imobiliário
corrigido por um índice de preços é o futuro", disse.
Durante
o evento, Bolsonaro elogiou a iniciativa da Caixa e disse que outros bancos
devem seguir o caminho de redução de juros.
"Tem
uma iniciativa aqui que não vai ser uma imposição. Ou eles [demais bancos] vêm
atrás ou o número de clientes da Caixa, que está em 100 milhões, vai aumentar e
muito. O anunciado agora aqui, traduzindo no meu linguajar de não entender de
economia, acho que quem entendia afundou o Brasil, né?", brincou o presidente.
Bolsonaro,
que costuma dizer que não entende de economia, se disse à vontade em discursar
depois das falas de Guimarães e do presidente do Banco Central, Roberto Campos
Neto, por estar usando um crachá da Caixa, que ganhou do presidente do banco
público.
Os
contratos poderão ter prazo de até 360 meses, na tabela SAC —em que
prestações diminuem com o tempo—, e valor máximo financiado de 80%.
Para
obter o financiamento, o cliente só poderá ter, no máximo, 20% de renda
comprometida —hoje, o percentual é de 30%. Ou seja, a nova linha será oferecida
a quem tem mais folga no orçamento e, portanto, risco menor de dar calote.
Na
tabela Price, em que a amortização do principal é menor e a prestação tem valor
fixo, o comprometimento de renda permitido é ainda menor: 15%.
Para
especialistas, a oscilação do IPCA pode tornar o financiamentomais arriscado e
caro ao cliente, principalmente pelo longo prazo do crédito –o contrato pode
ter duração de 30 anos. O IPCA é mais agressivo, respondendo mais rapidamente a
alguma turbulência econômica. A TR é menos instável e hoje está zerada. O saldo
devedor, portanto, não sofre correção na prática.
A
mudança foi aprovada em reunião do CMN (Conselho Monetário Nacional) realizada
na última semana.
Com
a nova linha de crédito, a Caixa quer emprestar mais, ancorando-se na
possibilidade de empacotar esse crédito e vendê-lo a investidores –que vão avaliar
se vale correr o risco de inadimplência de clientes, em vez de optar pela
segurança de um título público que, hoje, remunera IPCA mais 3% ao ano, em
média.
Recentemente,
o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, estimou que poderá emitir até R$ 100
bilhões em papéis lastreados com financiamentos imobiliários. No primeiro ano,
esse número seria de R$ 10 bilhões.
Cálculos
conservadores indicam que a Caixa poderia dobrar sua carteira de crédito
habitacional, passando dos atuais R$ 449 bilhões, no primeiro trimestre deste
ano, para quase R$ 1 trilhão.
Nos
EUA, o mercado de securitização imobiliária causou uma das mais graves crises
financeiras mundiais. Em 2008, grandes bancos foram à lona por terem adquirido
títulos podres de hipotecas americanas.
Com
a mudança, a Caixa se alinha à estratégia do governo de reacender a economia
–indicador do Banco Central sugere que o Brasil está em recessão técnica,
apontando dois trimestres seguidos de queda do PIB (Produto Interno Bruto).
Em
junho, a Caixa anunciou redução de 1,25 pontos percentual nas taxas de juros
para financiamentos imobiliários concedidos com recursos do SBPE (Sistema
Brasileiro de Poupança e Empréstimo), que hoje responde por quase 40% do total
dos financiamentos.
Também
abriu rodadas de renegociação de contratos em atraso concedendo, em alguns
casos, até 90% de descontos de juros. Essa campanha atingiu 2,3 milhões de
pessoas.
IMPRENSA
O
Presidente do Brasil aproveitou a cerimônia para dirigir críticas à imprensa.
Ao falar sobre as dificuldades dos brasileiros em adquirir a casa própria, o
presidente disse que seu pai chegou a atrasar aluguel diversas vezes.
"Aqui
eu acho que muita gente, como a minha família, teve problema com casa própria
no passado. Não tínhamos, e era uma dificuldade realmente pagar o aluguel. Às
vezes atrasa. Quantas vezes meu pai atrasou o aluguel com sete filhos, né?
Tinha problema", contou.
Ao
citar o exemplo do pai, em tom irônico, sugeriu uma pauta para os repórteres.
"Uma
sugestão de pauta para imprensa: procure a vida pregressa dele [pai do
presidente]. Já teve problemas com o exercício ilegal da profissão. Já
teve", afirmou.
O
Presidente foi interrompido por risadas e aplausos da plateia que o assistia.
Ele voltou a criticar a publicação de matérias sobre o passado da avó de sua
mulher, a primeira-dama Michelle.
"Agora,
é uma covardia o que vocês fazem com a avó da Michelle. Uma covardia. Uma
covardia inenarrável. Isso não faz parte de uma imprensa limpa e sadia. Isso é
uma imprensa que realmente não merece a confiança da população. A gente lamenta
isso daí. Uma pessoa que já pagou pelo seu crime, mais de 20 anos depois ser
rememorado?" indagou.
Ele
perguntou ainda quem não tem problema com seus parentes e disse recomendar a
seus ministros que eles pautem suas vidas "daqui para frente".
Na
semana passada, Bolsonaro disse que Michelle estava arrasada com a publicação
de histórias envolvendo sua família, entre elas a divulgação de que sua avó foi
presa por tráfico de drogas e que dois tios maternos enfrentam problemas com a
polícia.
Na
ocasião, ele reconheceu que as reportagens publicadas pela revista Veja e pelo
jornal Metrópoles sobre a família da primeira-dama são verdadeiras. O
presidente questionou, no entanto, o “ganho jornalístico” com a divulgação das
informações.
Extraído: sosconsumidor.com.br/noticias - Fonte: Folha
Online – Por: Danielle Brant e Talita Fernandes
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