Ter reservado uma
parte do 13º terceiro e buscar geração de renda extra podem ajudar o consumidor
a pagar as contas obrigatórias no início do ano
Dezembro é mês de festa,
mas é também um período de muito cuidado com as finanças. Passada a ressaca das
festividades, é preciso ter um orçamento adequado para conseguir arcar com as
obrigações de todo início de ano: pagamento do IPTU, IPVA, licenciamentos,
materiais e matrículas escolares etc.
A planejadora financeira
da Libratta, Gabriela Vale, diz que o mais correto é provisionar esses recursos
muito antes do final do ano. Porém, isso não é o que acaba acontecendo dentro
da maioria dos lares do país.
Os brasileiros ainda se
perdem no planejamento das contas ao longo dos meses e veem os compromissos
financeiros do início do ano como “despesas esporádicas” e não como gastos
fixos, como seria o ideal.
Já o professor de
finanças do Ibmec-SP, George Sales, lembra que a época de final de ano sempre
causa uma “euforia de consumo” desenfreada. O importante, para ele, é não se
deixar levar por este ímpeto e começar a se organizar o quanto antes para entrar
em 2020 com menos dor de cabeça.
Confira abaixo as dicas de especialistas para
planejar o novo ano.
1.Reserve uma parcela do 13º salário para o
pagamento das despesas
Esta deveria ser a regra
“número 1” para todos os brasileiros que têm acesso a este benefício, diz
Sales.
“Esse complemento de
renda é melhor aplicado quando uma parte dele vai para os gastos de início de
ano. É preciso lembrar que as contas chegam de uma vez só em janeiro. Por isso,
é bom conter a euforia durante as festas”, alerta.
Para quem já gastou a
primeira parcela do 13º para as compras de Natal e Ano Novo, ainda dá tempo de
fazer uma reserva para o início do ano. A segunda parcela será paga até esta
sexta-feira.
2. Se for necessário, use uma parte dos recursos do
FGTS
As mudanças recentes nas
regras dos saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) contribuíram
para aumentar um pouco o orçamento das famílias neste final de ano, lembra o
planejador financeiro CFP da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros
(Planejar), Leandro Loiola.
“É possível, portanto,
utilizar essas receitas extraordinárias para as despesas sazonais e recorrentes
de janeiro e fevereiro”, afirma. “Vale ressaltar, por outro lado, que muitas
dessas liberações não irão se repetir nos próximos anos. Por isso, não dá para
contar sempre com esses recursos”, acrescenta.
O especialista reforça
que só é recomendável lançar mão do FGTS em caso de necessidade, já que esse
dinheiro tem melhor uso quando poupado ou investido.
3. Se precisar, use uma habilidade pessoal para
gerar renda extra
Essa é uma alternativa
para quem não tem carteira assinada e não fez reserva financeira, ou para
Aqueles que já gastaram todas as economias com festas ou viagens.
“Neste caso, você tem
mesmo que ‘apertar os cintos’ e buscar formas de ter uma renda extra. Monetizar
um talento pessoal pode ser um caminho”, diz Loiola.
Ele exemplifica que, se
uma pessoa tem uma aptidão para fazer trabalhos manuais, pode confeccionar
produtos para serem vendidos como presentes Natal. Ou, se você tem uma
habilidade com um tipo de conhecimento, pode usá-lo para dar aulas no início do
ano, período em que as pessoas buscam muito por novos cursos.
4. Coloque à venda bens que não estão em uso
Segundo Loiola, esta
regra vale para o mesmo grupo de pessoas do item anterior.
Eletrodomésticos,
eletroeletrônicos, jogos, roupas e calçados em bom estado de conservação e que
não estão em uso em casa, podem ser colocados à venda para reforçar o orçamento
para janeiro. “Esta é uma boa forma de preencher a reserva de emergência”, diz.
5. Se houver espaço no orçamento, pague à vista
para não arrastar dívidas em 2020
Pagar impostos, materiais
escolares e cursos à vista permite, além da possibilidade do acesso a um desconto,
a desoneração do orçamento durante os próximos meses, diz a planejadora
financeira da Libratta.
Ela reforça que é
importante fazer o máximo possível para não acumular dívidas ao longo do ano,
correndo o risco de extrapolar o orçamento e ficar inadimplente.
“A Selic caiu bastante,
mas os juros ainda têm um peso grande no orçamento do brasileiro. Por isso, a
melhor opção é se organizar para pagar tudo à vista”, diz.
As prefeituras costumam
dar descontos para pagamentos à vista do Imposto Predial e Territorial Urbano
(IPTU), enquanto os governos estaduais fazem o mesmo com o Imposto sobre a
Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).
6. Se precisar parcelar, preste atenção nos juros
Na hora de comprar os
materiais escolares, por exemplo, vale a pena fazer uma pesquisa de loja em
loja para saber as melhores condições de crediário. “Se não puder pagar à
vista, é melhor é escolher a loja pelos juros praticado no parcelamento”, diz
Loiola.
Vale também partir para a
negociação com os lojistas. “É sempre bom negociar. Brigar por juros menores e
por descontos”, acrescenta.
O juro médio do cartão de
crédito rotativo para pessoas físicas chegou a 317,2% ao ano, em outubro de
2019, segundo últimos dados do Banco Central (BC).
7. Busque por passeios alternativos nas férias
Se não planejou a viagem
com bastante antecedência e está sem uma boa reserva financeira, melhor não se
empolgar muito, afirma George Sales. A viagem de final de semana para a praia
pode parecer inofensiva, mas gastos com gasolina, refeição e hospedagem podem
facilmente sair do orçamento.
“Os pacotes de viagem
nessa época do ano são muito mais caros. Portanto, busque por passeios
alternativos, como os parques e museus da sua cidade. Esses lugares costumam
ter um preço mais acessível e, muitas vezes, oferecem atividades gratuitas para
adultos e crianças”, indica.
“Crianças, na maioria das
vezes, não precisam de passeios muito elaborados. Elas se divertem com que é
mais simples”, reforça o professor.
8. Economize nos presentes e invista nas “lembrancinhas”
Sales diz que, para não
se apertar tanto, é bom substituir os presentes mais sofisticados e caros pelas
famosas “lembrancinhas”, que podem ser tanto presentes mais baratos, como
customizados pela própria pessoa, caso tenha habilidade.
“Para uma pessoa se
sentir celebrada, um presente mais simples basta em muitos casos”, diz.
9. Foque em quitar as dívidas antes de contrair
outros gastos
Se entrou em 2020
endividado, o melhor é quitar todos os compromissos financeiros antes de pensar
em novas compras. Para Gabriela, o mais correto é estabelecer prioridades.
Com muita dívida para
pagar, é preciso focar no que realmente é necessário para o dia a dia da
família e adiar compras que não são urgentes. “Se você começa a contrair mais
dívidas, fica cada vez mais difícil se reorganizar depois”, afirma.
10. Planeje as suas finanças para o ano
Para não se apertar em
qualquer época do ano, comece a organizar melhor as suas finanças. “O
brasileiro precisa aprender a se planejar financeiramente para um horizonte mais
amplo de tempo e parar de viver somente dentro de um mês”, diz Gabriela.
“Coloque na ponta do
lápis os seus principais gastos, as suas entradas e saídas de recursos. Se tem
mais saída do que entrada, está na hora de cortar despesas ou buscar outras
fontes de renda”, afirma.
Extraído: sosconsumidor.com.br/noticias - Fonte: G1 - Por: Paula Salati