País registrou média de 3,7 tentativas de fraude por minuto em 2021, mostra levantamento elaborado pelo AllowMe, empresa especializada em proteção de identidades digitais
Aproveitando-se de frequentes exposições de bases de dados, hackers criaram 500 mil contas falsas com emails vazados no Brasil em 2021, ano em que o país registrou 3,7 tentativas de fraude online por minuto.
Como nos emails residem
informações pessoais sobre pagamentos, alterações de senhas e confirmações de
cadastro, os fraudadores conseguem usá-los para criar novos acessos ou
recuperar os já existentes, colocando em risco a privacidade e as finanças do
usuário.
Os dados constam de um
estudo elaborado pelo AllowMe, empresa especializada em proteção de identidades
digitais. O levantamento, intitulado Device Fraud Scan 2022, analisou 155,6
milhões de interações de usuários brasileiros com aplicativos e sites de
setores diversos para entender o comportamento de um fraudador na internet.
Análise identificou o
roubo de contas como a principal fraude online praticada no Brasil no ano
passado.
Segundo os critérios do
AllowMe, uma série de atividades suspeitas é levada em conta para que uma
interação seja considerada fraude, como o horário em que ela foi feita, o uso
de mais de uma conta no dispositivo, alterações incomuns na geolocalização e a
adoção de emails descartáveis.
"Isso, isoladamente,
pode não significar uma fraude, mas a composição desse contexto gera essa
diferenciação entre o usuário bom e ruim –mesmo quando estivermos falando de um
bom que realize muitas transações", explica Gustavo Monteiro, managing
director do AllowMe.
Enquanto o usuário
considerado bom faz em média 6,6 transações – que compreendem cadastros,
logins, alterações cadastrais e trocas de dispositivo–, o fraudador faz 11 em
um mesmo período.
Se os acessos tiverem
sido feitos através de uma máquina virtual e a rede e o dispositivo usados já
estiverem associados a outras práticas maliciosas, a chance de se tratar de um
fraudador aumenta.
De acordo com o estudo,
mais de 70% das interações identificadas como fraudes continham ao menos dois
comportamentos suspeitos.
O estudo ainda mostra que
a maior parte das fraudes online aplicadas no país teve como alvo o setor
financeiro. Programas de fidelidade, instituições bancárias tradicionais, fintechs,
sistemas de avaliações online e criptomoedas, nesta ordem, foram os segmentos
mais afetados por ameaças de transações maliciosas, segundo o estudo.
"O fraudador busca
setores em que ele consegue transformar aquele ativo roubado em dinheiro ou
algo que seja importante para ele –e de maneira rápida. O setor de milhas, por
exemplo, é um setor que ele consegue transformar aquilo em dinheiro mais
rapidamente", explica Monteiro.
A maior parte dessas
ofensivas (63,7%) acontece no momento do login em um site ou aplicativo. Isso
significa que o objetivo principal dos fraudadores é acessar contas de
terceiros diretamente, com dados que obtiveram por meio de engenharia social, phishing,
restauro de senha ou vazamentos.
O restante das tentativas
de fraude acontece no momento de cadastro nas plataformas e, por último, nas
próprias transações financeiras, onde se concentram as maiores medidas de
segurança.
É por isso que, entre os
tipos de fraude, o roubo de conta foi o golpe mais aplicado pelos fraudadores
brasileiros no ano passado, de acordo com o estudo. Na lista, também constam
abuso de promoção, fraude amiga, autofraude, SIM Swap, identidade sintética e
numerador de contas.
De acordo com o
levantamento, a maior parte dos ataques ocorre durante o dia: 70% dos
identificados foram feitos entre 9h e 20h. O horário que concentra o maior
número, às 11h, com 6,2% do total, é também aquele em que o maior número de
interações acontece.
A partir das 21h, a média
do número de tentativas de fraudes cai para cerca de metade, com 1,6 fraudes
por minuto até as 8h.
Isso não significa que o
usuário esteja sob maior risco durante o horário comercial. A probabilidade de
um usuário ser ameaçado, definida pela proporção entre o número de tentativas
de fraude e o número de transações, é maior na madrugada, entre 00h e 5h59, com
1,6% de chance.
"O importante é que
as empresas pensem num processo de prevenção à fraude com camadas e saber que
não existe uma bala de prata. É fundamental ter ferramentas e processos
desenhados em toda jornada do cliente com objetivo de prevenir a fraude, mas
respeitando sempre a privacidade do usuário", diz Monteiro.
Extraído: sosconsumidor.com.br/noticias - Fonte: Folha Online - Por: Gustavo Soares
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