26 de março de 2022

HACKERS ABRIRAM 500 MIL CONTAS FALSAS COM EMAILS VAZADOS NO BRASIL, DIZ ESTUDO

País registrou média de 3,7 tentativas de fraude por minuto em 2021, mostra levantamento elaborado pelo AllowMe, empresa especializada em proteção de identidades digitais


Aproveitando-se de frequentes exposições de bases de dados, hackers criaram 500 mil contas falsas com emails vazados no Brasil em 2021, ano em que o país registrou 3,7 tentativas de fraude online por minuto.

Como nos emails residem informações pessoais sobre pagamentos, alterações de senhas e confirmações de cadastro, os fraudadores conseguem usá-los para criar novos acessos ou recuperar os já existentes, colocando em risco a privacidade e as finanças do usuário.

Os dados constam de um estudo elaborado pelo AllowMe, empresa especializada em proteção de identidades digitais. O levantamento, intitulado Device Fraud Scan 2022, analisou 155,6 milhões de interações de usuários brasileiros com aplicativos e sites de setores diversos para entender o comportamento de um fraudador na internet.

Análise identificou o roubo de contas como a principal fraude online praticada no Brasil no ano passado. 

Segundo os critérios do AllowMe, uma série de atividades suspeitas é levada em conta para que uma interação seja considerada fraude, como o horário em que ela foi feita, o uso de mais de uma conta no dispositivo, alterações incomuns na geolocalização e a adoção de emails descartáveis.

"Isso, isoladamente, pode não significar uma fraude, mas a composição desse contexto gera essa diferenciação entre o usuário bom e ruim –mesmo quando estivermos falando de um bom que realize muitas transações", explica Gustavo Monteiro, managing director do AllowMe.

Enquanto o usuário considerado bom faz em média 6,6 transações – que compreendem cadastros, logins, alterações cadastrais e trocas de dispositivo–, o fraudador faz 11 em um mesmo período.

Se os acessos tiverem sido feitos através de uma máquina virtual e a rede e o dispositivo usados já estiverem associados a outras práticas maliciosas, a chance de se tratar de um fraudador aumenta.

De acordo com o estudo, mais de 70% das interações identificadas como fraudes continham ao menos dois comportamentos suspeitos. 

O estudo ainda mostra que a maior parte das fraudes online aplicadas no país teve como alvo o setor financeiro. Programas de fidelidade, instituições bancárias tradicionais, fintechs, sistemas de avaliações online e criptomoedas, nesta ordem, foram os segmentos mais afetados por ameaças de transações maliciosas, segundo o estudo.

"O fraudador busca setores em que ele consegue transformar aquele ativo roubado em dinheiro ou algo que seja importante para ele –e de maneira rápida. O setor de milhas, por exemplo, é um setor que ele consegue transformar aquilo em dinheiro mais rapidamente", explica Monteiro.

A maior parte dessas ofensivas (63,7%) acontece no momento do login em um site ou aplicativo. Isso significa que o objetivo principal dos fraudadores é acessar contas de terceiros diretamente, com dados que obtiveram por meio de engenharia social, phishing, restauro de senha ou vazamentos.

O restante das tentativas de fraude acontece no momento de cadastro nas plataformas e, por último, nas próprias transações financeiras, onde se concentram as maiores medidas de segurança.

É por isso que, entre os tipos de fraude, o roubo de conta foi o golpe mais aplicado pelos fraudadores brasileiros no ano passado, de acordo com o estudo. Na lista, também constam abuso de promoção, fraude amiga, autofraude, SIM Swap, identidade sintética e numerador de contas.

De acordo com o levantamento, a maior parte dos ataques ocorre durante o dia: 70% dos identificados foram feitos entre 9h e 20h. O horário que concentra o maior número, às 11h, com 6,2% do total, é também aquele em que o maior número de interações acontece.

A partir das 21h, a média do número de tentativas de fraudes cai para cerca de metade, com 1,6 fraudes por minuto até as 8h.

Isso não significa que o usuário esteja sob maior risco durante o horário comercial. A probabilidade de um usuário ser ameaçado, definida pela proporção entre o número de tentativas de fraude e o número de transações, é maior na madrugada, entre 00h e 5h59, com 1,6% de chance.

"O importante é que as empresas pensem num processo de prevenção à fraude com camadas e saber que não existe uma bala de prata. É fundamental ter ferramentas e processos desenhados em toda jornada do cliente com objetivo de prevenir a fraude, mas respeitando sempre a privacidade do usuário", diz Monteiro.

Extraído: sosconsumidor.com.br/noticias - Fonte: Folha Online - Por: Gustavo Soares

 

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