24 de maio de 2019

APÓS APROVAÇÃO DE MP DAS AÉREAS NO SENADO, EMPRESAS PREVEEM AUMENTO NAS PASSAGENS

As companhias aéreas esperam que trecho sobre mala grátis incluídos na MP pelo Congresso seja vetado pelo Presidente

O texto modifica o Código Brasileiro de Aeronáutica, de 1986, para permitir que estrangeiros possam deter até 100% do capital das empresas aéreas brasileiras. Pela regra anterior, o limite era de 20% do capital.
Durante a tramitação da medida, a Comissão Especial composta por deputados e senadores fez alterações no texto, entre elas a inclusão da gratuidade do despacho de bagagens.
Com a aprovação do Congresso, as companhias aéreas terão de oferecer uma franquia mínima de bagagem por passageiro em voos domésticos:
·         até 23 kg nas aeronaves acima de 31 assentos;
·         até 18 kg para as aeronaves de 21 a 20 lugares;
·         10 kg se o avião tiver apenas 20 assentos.
Medidas provisórias têm peso de lei e são editadas pelo Presidente da República. Posteriormente, elas são analisadas pelo Congresso, que pode aprová-las, alterá-las ou rejeitá-las em um prazo de até 120 dias de sua edição. Caso não sejam analisadas neste período, as MPs perdem validade e seu conteúdo torna-se sem efeito.
O governo chegou a cogitar deixar a medida caducar, caso não fosse retirado o trecho sobre a gratuidade no despacho das bagagens, por se tratar de um ponto de preocupação das empresas que planejam entrar no mercado brasileiro. A expectativa agora é que o Presidente vete este trecho.
Em 2016, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) publicou uma resolução que autorizou as aéreas a cobrarem por bagagens despachadas. Segundo o governo, a mudança é um fator que pode atrair empresas “low cost” para o país.
Após a aprovação pelo Senado da medida provisória que libera o controle do capital das empresas aéreas no Brasil por estrangeiros, na noite do dia 22/05/2019, executivos das companhias dispensavam comemorações e previam em tom ameaçador, que o preço das passagens pode subir.
O setor se indignou porque a redação abrange a volta do despacho gratuito de bagagem. Mas na prática, trabalha com a expectativa de que esse trecho da MP cairá quando o texto chegar para sanção presidencial.
A expectativa de que o Presidente vetará a mala grátis se baseia no posicionamento do Ministério da Economia, que prefere manter o modelo como é hoje, que permite a cobrança de bagagem.
Apesar do resto de esperança, executivos de companhias aéreas já discutem como será o cronograma para mudar o preço dos bilhetes. As faixas de tarifas mais baratas, aquelas que permitem ao passageiro viajar sem despachar mala, deixarão de existir.
Para Guilherme Amaral, sócio do ASBZ, especialista em direito aeronáutico, a iniciativa de congressistas de resgatar o despacho gratuito de malas “mostra que o trabalho do Legislativo no Brasil ainda é de baixa qualidade e guiado por interesses puramente eleitorais”.
Posição das empresas aéreas
Em nota a Associação Brasileira das Empresas Aéreas – ABEAR criticou a mudança e disse que a versão final aprovada pelo Congresso contraria o objetivo inicial da MP de ampliar a competitividade no setor.
“Ao admitir o retorno ao antigo modelo de franquia mínima de bagagem, o texto retira do consumidor a alternativa de escolher a classe tarifária mais acessível, sem despacho de malas, preferida por dois terços dos passageiros desde a sua implantação, a apartir de março de 2017, e novamente afasta o Brasil das práticas internacionais”, disse a ABEAR, que reúne as empresas GOL, LATAM e AVIANCA BRASIL.
Em nota, a LATAM BRASIL também se posicionou contra a proibição de cobrança de bagagem. Segundo a empresa, ao impor o retorno da franquia de bagagem, o texto aprovado no Senado “traz de volta um ambiente regulatório restritivo e afeta a competitividade do setor aéreo, impondo novamente um desalinhamento da aviação brasileira em relação ao ambiente internacional e afastando os investimentos”.
Posição dos órgãos de defesa do consumidor
O Instituto de Defesa do Consumidor – IDEC aprovou o texto aprovado pelo Congresso, avaliando a volta da franquia de bagagem positiva para os consumidores, porque a prometia diminuição nos preços das passagens não se concretizou.
“O IDEC entende como positiva a mudança aprovada no Congresso, já que a prometida diminuição no preço das passagens aéreas com o fim da franquia de bagagens não se concretizou”, disse a nota.
“A insistência da ANAC em manter sua posição, o aumento progressivo do preço das passagens e das taxas cobradas pelas companhias aéreas, a diminuição da competitividade percebida pelos consumidores no mercado nacional, estimulou deputados e senadores aprovarem a volta da franquia de bagagens, o que notoriamente contou como apoio da grandíssima maioria dos consumidores brasileiros”, acrescentou.
Já a Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) disse que não concorda com o modelo atualmente praticado, que entrou em vigor em 1º de junho de 2017.
“A Proteste não é contra a cobrança por bagagem, só três países no mundo a praticam, mas não somos a favor da maneira como a Resolução 400 da ANAC, deixou a total critério das companhias aéreas estabelecerem peso, preço e centimetragem, criando insegurança jurídica e complexidade desnecessária”, afirmou.
A Agência Nacional de Aviação Civil – ANAC, por sua vez, informou que não se pronunciará sobre a aprovação da MP antes da medida ser oficialmente convertida em lei, o que ainda depende da sanção presidencial, sujeita a vetos.
Agora é aguardar para ver no que vai dar?
Extraído: sosconsumidor.com.br/noticias, poder360.com.br e g1.globo.com - Fonte: Folha Online, Poder360 e G1 - Por: Joana Cunha, Sara Resende e Gustavo Garcia e Nathália Pase

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