O norte-americano e um dos donos da Telexfree, James Matthew
Merrill, 55, declarou-se
culpado pelos crimes de fraude e conspiração, na última segunda-feira
(24), em uma corte de Massachusetts, nos Estados Unidos
Ao todo, o
co-fundador da Telexfree assumiu a culpa em nove acusações. Merrill fechou um
acordo com a Promotoria de Boston, que investiga um esquema de pirâmide financeira
envolvendo a empresa nos Estados Unidos e poderá pegar até dez anos de prisão.
Ele também
terá de devolver cerca de US$ 140 milhões em bens, que incluem imóveis, carros
de luxo e barcos. Também foi arquivada uma acusação de lavagem de dinheiro como
parte do acordo, segundo o "The Wall Street Journal".
"James
Merrill está finalmente enfrentando a justiça por seu papel em fraudar mais de
US$ 3 bilhões de investidores inocentes em mais de 240 países ao redor do
mundo", afirmou o investigador da Segurança Nacional em Boston Matthew
Etre.
O norte-americano
chegou a ficar preso por pouco mais de um mês, em 2014, mas foi liberado e
passou para o regime de prisão domiciliar.
O brasileiro
Carlos Wanzeler, também um dos fundadores da Telexfree, é considerado foragido
nos EUA. Ele morava em Massachusetts, mas veio para o Brasil dias antes de ser
expedida a ordem de prisão contra os donos da empresa, em 2014. No Brasil,
Wanzeler pode se beneficiar pela Constituição do país, que impede a extradição
de brasileiros para o exterior.
A Telexfree
foi formalmente acusada nos EUA de atuar sob um esquema de pirâmide financeira,
com foco em imigrantes brasileiros e dominicanos, e teve seus bens bloqueados.
1 MILHÃO DE CLIENTES
A Telexfree
começou a atuar no Brasil em março de 2012, vendendo planos de minutos de telefonia
pela internet (VoIP), serviço semelhante ao Skype. No país inteiro, estima-se
que cerca de 1 milhão de pessoas tenham investido suas economias na empresa.
A empresa foi
proibida de operar no final de junho de 2013, a pedido do Ministério Público do
Estado do Acre (MPAC). Em setembro de 2015, a Justiça do Acre considerou-a
culpada de praticar pirâmide financeira e condenou a empresa a pagar R$ 3
milhões de indenização por danos morais coletivos, além de devolver o dinheiro
investido pelos chamados divulgadores.
CLIENTES VÃO RECEBER DINHEIRO DE VOLTA?
A condenação
da Telexfree no Brasil abriu caminho para que quem investiu na empresa possa
pedir a devolução do dinheiro, segundo a supervisora institucional da Proteste
(órgão de defesa do consumidor), Sonia Amaro.
No entanto,
segundo ela, não é possível dizer em quanto tempo a devolução será feita. Não
dá para garantir nem mesmo que irá acontecer. Além disso, a empresa pode
recorrer da decisão e, com isso, os pedidos de reembolso devem demorar mais
para serem julgados.
COMO PEDIR REEMBOLSO?
Para pedir o
reembolso, os clientes devem procurar a Justiça na cidade onde moram. É
possível entrar com processos individuais ou em grupo. Caso a pessoa não tenha
condições de pagar um advogado, ela pode solicitar auxílio da Defensoria
Pública.
Antes de
entrar com o processo, é preciso juntar documentos que comprovem vínculo com a
Telexfree, como contratos, cobranças, cartas e e-mails, segundo a supervisora
da Proteste.
Os valores a
serem devolvidos aos divulgadores referem-se à compra de kits e caução pagos à
empresa. Do total a ser reembolsado, devem ser abatidos valores recebidos pelo
divulgador como comissão de venda ou bonificação, inclusive por postagens de
anúncios.
EMPRESA DIZ QUE FAZ MARKETING
MULTINÍVEL
Com promessas
de grande retorno em pouco tempo, os esquemas de pirâmide financeira são
considerados ilegais porque só são vantajosos enquanto atraem novos
investidores. Assim que os aplicadores param de entrar, o esquema não tem como
cobrir os retornos prometidos e entra em colapso.
Em contatos
anteriores, a empresa afirmou à reportagem que trabalha com "marketing
multinível". Esse sistema é baseado na distribuição de produtos e serviços
por meio da indicação de distribuidores independentes, que recebem um bônus por
isso.
Extraído de: sosconsumidor.com.br/noticias - Fonte: Folha Online
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