Furo de segurança
que expunha milhões de brasileiros estava presente na página “Meu Vivo”
Uma falha em um site da
empresa de telecomunicação Vivo expôs as informações pessoais de pelo menos 24 milhões de clientes. O problema foi descoberto pelo
grupo de pesquisadores de segurança Whitehat Brasil, que busca identificar
brechas em sites que dispõem de
grandes bases de dados.
Reportado
inicialmente pelo Olhar Digital e confirmado por Tilt, o furo de segurança que
expunha milhões de brasileiros estava presente na página "Meu Vivo".
É
por meio dela que clientes acessam seu perfil e podem ver detalhes dos serviços
prestados pela empresa —internet, telefonia fixa, celular ou TV paga. O site
saiu do ar no início da tarde desta terça-feira (5), provavelmente para
corrigir o problema.
Até
então, era possível obter as seguintes informações de clientes da Vivo:
endereço, telefone e celular, data de nascimento, CPF e nome da mãe. A
Vivo informa que está apurando o caso e que "revisa constantemente as
políticas e os procedimentos de segurança".
Tilt
conversou com um dos pesquisadores da Whitehat Brasil, que preferiu não se
identificar. Ele classificou o erro encontrado na página da Vivo como
"tosco" e "bem besta".
Disse
ainda que descobriu o erro quase que sem querer. Como sabe que qualquer
plataforma está sujeita a falhas que podem deixar dados de clientes expostos,
ele testa a segurança de serviços dos quais é cliente. Foi o caso da Vivo. Como
o sistema já está fora do ar, é possível descrever como a brecha foi encontrada.
O
pesquisador usa um programa que registra os dados enviados a um servidor e
aqueles que são mandados de volta. Após inserir login e senha no site da Vivo,
ele recebeu uma URL, que correspondia ao endereço do seu perfil na Vivo, e um
"token", uma sequência de números que serve como chave segura e
deveria ser única.
O
problema foi que esse token não era único. Bastava trocar o último número da
URL e usar o mesmo token para ter acesso à conta de outro cliente. Ele conta
que isso funcionou quase que ininterruptamente entre os números 1 mil e 25
milhões.
"É
um erro bem besta, bem fácil de achar e provavelmente alguém já estava usando
há muito tempo e com maldade. É muito simples. Você só precisa logar no site e
já consegue ter acesso a qualquer outra conta. Não precisa hackear, fazer nada.
É muito tosco."
Para
mostrar que a falha estava ativa, o programa criou um site que mostrava os
dados capturados. Tilt viu as informações de um dos perfis, provenientes de uma
cliente de Minas Gerais.
Essa
página parou de funcionar porque o serviço da Vivo que o alimentava entrou em
manutenção. O grupo que descobriu a falha é o mesmo que já havia revelado em
outubro uma brecha no site do Detran do Rio Grande do Norte, que deixou
expostas as informações pessoais de 70 milhões de pessoas, incluindo as de
personalidades como o apresentador Luciano Huck e o youtuber Whindersson Nunes,
e de pessoas influentes, como o presidente Jair Bolsonaro, e os empresários
Eike Batista e Edir Macedo.
O
Brasil já possui uma lei que obriga empresas a protegerem os dados pessoais de
seus consumidores: a LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais). Ela só
passa a valor em agosto de 2020.
A
partir desta data, companhias que não assegurarem a integridade das informações
que armazenam poderão ser punidas por vazamentos como os da Vivo. As sanções
variam de processos administrativos a multas que podem chegar a 2% do
faturamento da infratora, limitada a R$ 50 milhões.
Ainda
que a LGPD seja encarada por especialistas como um avanço, já há um projeto de
lei pedindo que seus efeitos sejam prorrogados porque algumas companhias não
conseguiriam se adaptar em tão pouco tempo. A LGPD foi sancionada pelo
ex-presidente Michel Temer em dezembro de 2018.
Extraído: sosconsumidor.com.br/noticias - Fonte: Folha Online – Por: Helton
Simões Gomes
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